Como identificar a dor de ouvido em bebês e crianças

A dor de ouvido (otalgia) costuma ser uma das principais hipóteses da causa de dor em bebês que ainda não sabem dar nome ao desconforto. Talvez seja, ao lado das cólicas, a possibilidade mais lembrada pelos pais. Mas será que é mesmo dor de ouvido? Como identificar?

Normalmente, o quadro evolui da seguinte forma: vem um resfriado, depois de alguns dias a febre, irritabilidade, e percebe-se dificuldade ao engolir. Os pais também precisam estar atentos a outros sinais, principalmente com os bebês até um ano, que ainda não identificam a dor, como: se estão colocando as mãos com frequência acima do normal nas orelhas ou se a inquietação também tem aumentado.

Outro sinal bem característico da dor de ouvido é o bebê empurrar e recusar o peito ou a mamadeira, já que a dor de ouvido piora com o movimento de sucção. Cheiro ruim nos ouvidos e a presença de secreção também podem ser sinais de infecção, que, junto com a inflamação, é a causa da dor. Estas infecções levam o nome de otite.

Os bebês e as crianças acabam sendo mais suscetíveis às otites, pois têm as tubas auditivas mais curtas, mais largas e em posição horizontal, o que facilita que os líquidos que circulam pela região não consigam ser drenados. O otorrinolaringologista da Cliaod, Dr. Jacinto de Negreiros Júnior, explica que as tubas ou trompas de Eustáquio, como são conhecidas, ligam o ouvido médio ao nariz e à garganta, e as bactérias que ficam nesses locais acabam indo para as tubas auditivas quando a criança boceja ou engole. “Em uma situação normal, só isto não causaria a otite, mas, caso as tubas estejam inchadas por conta de um uma alergia, resfriado ou infecção nas vias aéreas, o líquido pode ficar preso no ouvido médio e criar um ambiente ideal para a proliferação de vírus ou bactérias”. O otorrinolaringologista esclarece que esta é a chamada otite média aguda. As infecções podem causar a formação de pus, que pressiona o tímpano de dentro para fora, causando muita dor e provocando, até, o rompimento da membrana do tímpano, sem ou com saída de pus e sangue, algo que assusta muito os pais. Mas, não é motivo para desespero, é só procurar um especialista para se certificar de que não houve nenhum dano na capacidade auditiva. Normalmente, é algo temporário.

Já a otite externa, que também causa dor, normalmente surge pela entrada de água contaminada no ouvido, durante o banho ou atividades aquáticas e uso de haste flexível de algodão, causando inflamação ou infecção.

Tratamento

Confirmada a infecção por um especialista, pediatra ou otorrinolaringologista, o tratamento, normalmente, é feito por meio de antibióticos e sintomáticos. Mas, como o líquido pode levar até três meses para ser reabsorvido pelo corpo, o índice de recorrência da otite chega a 50 por cento, principalmente quando um novo resfriado volta a obstruir as tubas. São as chamadas otites de repetição, que podem acabar afetando a capacidade auditiva da criança.

Para o Dr. Jacinto, a identificação das doenças auditivas deve ser realizada precocemente. “O ideal é a detecção o quanto antes para que se institua o tratamento adequado e se evite complicações e prejuízo na audição”, completa o especialista.

Alguns cuidados são importantes:

  • evitar o uso de chupeta;
  • evitar que a criança que se utiliza de mamadeira mame em posição completamente horizontal;
  • evitar a exposição ao cigarro;
  • evitar uso de haste flexível de algodão.

Bebês que frequentam escolas e têm contato com mais crianças em ambientes fechados podem ficar mais propensos a ter otite, ao aumentar a possibilidade de contato com microrganismos que causam infecção das vias aéreas superiores.

Já a amamentação pode ajudar a prevenir as infecções de ouvido. De acordo com o otorrinolaringologista, os anticorpos passados pelo leite materno associados ao ato de sugar o peito, que fortalece a musculatura peritubária, contribuem para essa prevenção. “Outra dica importante é tomar cuidado nas atividades aquáticas em locais com aglomerações de pessoas e onde a água não seja tratada de modo adequado”, finaliza o Dr. Jacinto.

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